DEVANEIOS DAS MADRUGADAS

“MULHER DA RUA”

 

Menina mulher vinda do interior

A procura de emprego e amor

O mundo globalizado é exterminador

Só encontrou desemprego e desamor

 

Não tem mais paciência nem esperança

Reflete, descobre que tem um corpo

Desespera, mas tem fome e se lança

Nas alcovas da vida avança.

 

Não pode se insurgir

Não pode fugir

O destino foi traçado

Ela já está marcada.

 

Sexo é uma prazerosa necessidade física

E também uma poética satisfação estética

Raciocinava ela, porém, hoje está aflita

Olhou para o corpo, está esquelética.

 

Agredida e doente

Corajosa mas insatisfeita

Entretanto, já ciente

Que labuta nos leitos, imperfeita.

 

Leva alegrias a quem pagou

Até quando, ela não sabe e desconfia

Ademais, está ainda sobrevivendo do que ganhou

Os homens e seus colóquios ela não confia.

 

Mas a velhice vem chegando.

E não tem o que comemorar.

Apenas cicatrizes e rugas inerte desejando.

Morrer para logo, com Deus morar.

 

No seu enterro, corpo frágil e dolorido.

Poucas pessoas, a lembrança que será esquecida.

Era uma simples mulher da rua sofrida.

Que agora jaz, enfim, encontrou a paz merecida.

 

 

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